Margaret Pereira Valente, de 50 anos, foi mais uma vítima com o novo coronavírus, em Santos, no Litoral de SP. Ela relata que quando teve alta do hospital pensou que teria perdido apenas 10 kg, mas quando se pesou, viu que na verdade foram 17 kg. “Foram muitos dias ali, eu até pensei que morria ali mesmo”, relata.
No dia 23 de março, a professora de Educação Especial e Libras, conta que inciou com falta de ar, teve um pouco de tosse, se sentiu enjoada e cansada. Como ela tem outros problemas de saúde, de imediato procurou atendimento hospitalar, mas jamais pensou que estaria infectada com o novo coronavírus.
Quando deu entrada no Pronto Socorro, a médica examinou e receitou um medicamento, e mandou para casa medicada. Entretanto, ela não recebeu qualquer diagnóstico que estaria com o novo coronavírus.
“Regressei a casa, como a médica disso, e já cinco dias depois, eu voltei novamente à unidade hospitalar, com falta de ar muito aguda, pressão alterada e os diabetes também no auge. Mal dei entrada, me inalaram de imediato, e me deram remédio direto na veia.
Os diabetes, não baixavam, mesmo estando medicada na veia. Então eles me levaram para eu realizar um raio-x, e quando eles tiveram acesso ao resultado, já fui logo internada. , relata.
A professora confirma que naquele momento já não saiu do hospital, foi ligada ao oxigênio, mas no dia seguinte seu estado de saúde estava pior. Entretanto foi levada para o Hospital dos Estivadores, onde acabou por ficar durante todo o tempo de tratamento.
Ela passou dos quarenta dias, vinte e três deles na UTI. Sempre ficou consciente, apenas fazendo o uso da máscara de oxigênio e cateter.
Lá mesmo na UTI, uma semana antes de sair, eu já tinha largado a máscara, só estava com o cateter. Enquanto permaneci lá, tomava cinco tipo de antibióticos. Acabei por sofrer uma falência nos rins.Alguma coisa, mexeu com a minha parte motora , até para retomar a escrever, tive alguma dificuldade”, recorda.
“Muitos momentos difíceis eu lá vivi. Cheguei a pensar que jamais iria sobreviver. Apenas, eu só pensava em como queria viver. Minha família, levou a bíblia, e me deram lá na UTI. A equipe de saúde todos os dias oravam por mim, e me davam coragem e falavam:”você vai sair dessa.
Todos os dias, batia uma grande ansiedade, pois eu não conseguia nem ver a minha família, e sem data para sair dali. Passou me muitos sentimentos de morte.Todos os dias, me davam injeções e insulina. Cheguei a ter uma depressão, dias que não queria nem ver o comer”.
Ela também estava com receio de ser atendida no serviço público, mas depois de tudo mudou de ideia.
Confesso que fui muito ignorante, e também muito preconceituosa, de ter pensando desse jeito. Depois de ter visto e sentido todo o amor, e esforço de toda a equipe, minha opinião de imediato mudou.
É impossível não pensar diferente, depois que se passa por essa situação. Ficar indiferente, e não pensar nas coisas inúteis, que mantemos nas nossas vidas. Realmente como é impossível sair dessa e não mudar a sua vida, dar mais valor as coisas que realmente importam, e às pessoas que realmente te amam”, finaliza.
Via: g1.globo.com