Quase um 1 após a morte de Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, uma assessora que estava no mesmo veículo onde a vereadora foi morta resolveu quebrar o silêncio e concedeu entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo.
A jornalista Fernanda Chaves declarou que não é uma testemunha do caso, pois não conseguiu analisar quase nada no momento do ataque. Ela explicou que deixou o país após a morte de Marielle e Anderson por medo de sofrer um novo atentado.
“Estou vindo aqui com a cara aberta. Se eu falasse aqui de costas, escondida em meio às sombras, poderia ressaltar o entendimento de que eu sou testemunha do crime.
Na verdade, eu só ouvi a rajada de metralhadora e me abaixei”, falou Fernanda, que largou o Brasil logo após o atentado e ficou 3 meses escondida com a família na Europa. “Fui para a delegacia abraçada com meu advogado e abaixada.”
“O estado do Rio de Janeiro estava sob intervenção federal, as tropas estavam nas ruas. E, mesmo nessas circunstâncias, o carro de uma vereadora foi metralhado. Você fica com sensação de que a qualquer instante o seu automóvel poderá ser metralhado de novo”, afirmou.
Uma das hipóteses de investigação da morte de Marielle define a possibilidade de um crime político, com envolvimento de milicianos e agentes públicos.
A aproximação de Marielle com deputado estadual e agora deputado federal Marcelo Freixo também sugere que o crime contra a vereadora, na verdade, poderia ter sido uma forma de vingança contra o deputado.
De acordo com Fernanda, Marielle não possuía inimigos políticos, embora sua participação não agradasse alguns dos vereadores cariocas, e sua legislatura não mirava a atuação das milícias no Rio de Janeiro.
“Ela não tinha as milícias como alvo. O foco dela eram as questões ligadas à violência da mulher. Marielle despertava ódio nos machistas, dos racistas. Alguns vereadores não gostavam de ter uma mulher negra e lésbica como colega. Alguns se incomodavam de entrar no elevador com ela”, declarou ela.
O assassinato de Marielle e Anderson completa um ano na próxima quinta-feira (14). Até hoje, ninguém foi indiciado ou preso por envolvimento direto com o crime, que é investigado sob sigilo de Justiça.