A situação dos venezuelanos que contavam com a travessia da fronteira para adquirir mantimentos básicos no comércio brasileiro pode ficar pior agora que o presidente Maduro decidiu fechar a fronteira terrestre entre Venezuela e Brasil. Em Pacaraima, a sensação de muitos comerciantes é que os venezuelanos “correm contra o tempo”, comprando tudo que puderem.
Ouvidos por reportagens, venezuelanos confirmam que a corrida é para adquirir mantimentos e conseguir reabastecer o estoque antes que a fronteira feche.
“Estamos correndo contra o tempo o mais rápido possível para poder passar antes que a fronteira feche”, declarou o jovem de 22 anos, Genson Medina.
Para alguns comerciantes brasileiros, a decisão de Maduro foi prevista pelos venezuelanos e que agiram antes do anuncio oficial. “Eu acho que os venezuelanos estavam prevendo que a fronteira seria fechada porque hoje o movimento aqui quase dobrou.
De meio dia até uma hora foi o maior volume de compra, uns 30% a mais que em dias comuns”, conta Orandir Cardoso, comerciante brasileiro de 53 anos.
Embora Maduro tenha anunciado o fechamento total e absoluta da fronteira, o governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), declarou que acredita que, apesar do tensionamento ainda maior da situação, ainda será possível entregar mantimentos e medicamentos para o país vizinho.
Muitos venezuelanos aproveitam a última vinda ao Brasil para estocar alimentos em quantidade extra como é o caso de Nelson Rodrigues, 34.
“Vou levar mais por precaução. Fechar a fronteira é ruim porque nós precisamos comprar comida aqui”, conta. Apesar da alta das vendas, os comerciantes brasileiros parecem um pouco atônitos e vai ser necessário algum tempo para contabilizar tudo que foi vendido.
“Nem temos estimativa de quanto vendemos, porque sai tudo muito rápido”, conta o comerciante Osmar Cardoso.
Pelas redes sociais, brasileiros que vivem próximos a fronteira registraram imagens do deslocamento de tanques militares venezuelanos. Ontem, antes do anuncio de Maduro, militares venezuelanos posicionaram tanques em Santa Elena de Uairén, primeira cidade venezuelana depois da fronteira.
A situação política e humanitária no país parece estar em ponto de ebulição. Enquanto Maduro tenta afastar tudo que considera “intervenção externa”, opositores pedem por interferência de países aliados.