Por decisão da Justiça, Laura Ramos de Azevedo, mãe de Lucas Azevedo Albino, morto por policiais militares do 41º BPM (Irajá) na entrada do Complexo da Pedreira, em Costa Barros, na Zona Norte do Rio no dia 30 de dezembro do ano passado, prestou depoimento nesta segunda-feira.
O relato antecipado foi um pedido do Ministério Público devido a um câncer terminal de Laura, que poderia impossibilitar um futuro testemunho, apesar de o processo ainda estar na fase de investigação.
Ela seria internada hoje no Instituto Nacional do Câncer em Vila Isabel. Os quatro PMs investigados estavam presentes na audiência.
No depoimento à Justiça que durou cerca de uma hora, ela disse que, após o filho ter saído da favela ainda vivo, “os policiais militares pegaram ele e levaram, e o executaram”.
— Como a pessoa sai da favela falando e com um tiro nas costas e chega ao hospital já morta com um tiro na cabeça? Meu filho foi reconhecido pelo pé, porque o rosto ficou desfigurado — relatou a mãe do rapaz.
Durante a audiência, Laura também revelou que todos os objetos que estavam com seu filho no momento do crime — documentos, celulares, dinheiro — não foram apresentados pelos militares na delegacia quando o caso foi registrado.
O boletim de atendimento de Lucas revela que o jovem chegou ao Hospital estadual Carlos Chagas já morto. O documento, que faz parte da investigação do Ministério Público e foi obtido pelo EXTRA, contradiz o depoimento dos policiais que mataram e levaram Lucas à unidade de saúde.
À Polícia Civil, eles afirmaram que, após balearem o jovem, o socorreram até o hospital. Segundo o relato dos PMs, Lucas morreu no Carlos Chagas. Já o boletim informa que Lucas “dá entrada já cadáver”.
Ao fim da audiência o MP pediu que o depoimento seja juntado formalmente aos autos da investigação. Anteriormente, Laura afirmou que Lucas não estava armado e não atirou contra os policiais.
Segundo a mulher, o adolescente chegou ao hospital meia hora depois morto com um tiro na cabeça.
Desde o dia do crime, 30 de dezembro, Laura investiga o caso por conta própria, apesar de lutar contra um câncer em estágio avançado no pulmão.