Durante a juventude, vivida em Cajuri, no interior de Minas Gerais, Teotonio Pires Ferreira aproveitava o período de carnaval ao máximo.
O feriado era o mais esperado por ele, que passava o dia nas festas, ao som de marchinhas de carnaval. Quando teve filhos, não tinha discussão, todos foram iniciados no carnaval e, com o pai, aprenderam a gostar da festa de rua.
Hoje, Alzheimer e 92 anos, mesmo sem se lembrar de tudo, o homem não deixa de comemorar o carnaval. Isso porque sua família comemora todo ano seu próprio feriado: o carnavô. Ano após ano, a família se reúne e vira e mexe surge um membro novo: filhos, netos e bisnetos se reúnem para comemorar a vida e alegrar o vovô.
Teotônio atualmente vive um momento grave da doença, na qual necessita de ajuda até mesmo para tarefas simples. Mas a família acredita que a reunião familiar ao som das marchinhas que ele conhece desde jovem ajudam a trazer alegria para a vida do vovô.
A nossa comemoração é uma forma de resgatar a história do meu avô. Acredito que ele se sente vivo quando fazemos.
É como se ele voltasse a se sentir parte de algo. Trazemos de volta uma época de que ele gosta muito. Além disso, ver a família reunida sempre foi um momento de alegria para ele”, diz uma das netas de Teotônio, a estudante Thalita Ferreira, de 30 anos.
Teotônio sempre festejou o carnaval, as filhas acreditam que ele comemora a festa nas ruas desde os 15 anos, até que em certo momento ele passou a organizar a festa de salão.
“Em certa época, ele também foi o organizador da festa. Era o meu pai quem alugava o salão, contratava banda, que tinha de ser de outra cidade, e comprava confetes e serpentinas”, conta Ana, uma das filhas.
“A minha vida inteira, desde que me entendo por gente, meu pai sempre gostou muito de Carnaval”, completa.
Teotônio começou a dar sinais da doença após a morte de sua esposa, em 2009. De lá para cá, foram muitas visitas ao médico até fechar o diagnóstico e então a família vem lidando com a doença da melhor forma possível.