Nesta última sexta-feira, uma médica na qualidade de obstetra, estava a realizar um parto, quando foi vítima de ameaças e agressão por parte do marido da sua paciente. Scilla Lazzarotto, é médica obstetra de 46 anos, ela conta que estava realizando o tratamento da paciente quando, de repente foi surpreendida com violência.
Após esse ocorrido, a médica fez um B.O. As autoridades informaram que a investigação, vai dar continuidade, na Delegacia da Mulher, com a titular Márcia Chiviacowsky, uma vez que o principal autor está em fuga.
“Estou em estado de choque. Essa profissão é a que mais amo” diz Scilla. “Apenas isso que quero, quero que a justiça seja feita, e ter segurança para continuar a trabalhar.”
A médica, atua na área de obstetra e ginecologia, e conta que a paciente foi internada durante a madrugada, entre as 2h30 e 3h, e o esperado, seria fazer parto normal. Mas quando ela e a colega que estava de plantão regressaram, por cerca das 7h, ainda tinha uma cesária e mais outros três partos normais, programados.
Quando o seu colega de trabalho observou a grávida, o homem já tinha sinais de agressivo.” Ele me disse que estava bastante nervoso, e perdendo o controle. Foi então que o meu colega, pediu para ele se acalmar, e disse que já tinha rompido a bolsa, e a esposa já estava com as contrações, e tudo estava a correr bem”, conta Scilla.
Já um outro médico, se dirigiu até outra sala de partos, para realizar uma cesariana, enquanto a médica continuou examinando outras grávidas. Como naquele caso, não tinha qualquer urgência, ela deixou uma colega, a monitorar as pacientes,enquanto foi encaminhar os outros casos para os médicos que estariam presentes, uma vez que ela é a preceptora da área.
Demorou apenas trinta minutos, que Scilla conta que uma enfermeira a procurou, dizendo que o homem estava muito agressivo e gritando na sala de partos.
“Já sou obstetra, com 22 anos de profissão, já realizei mais de dez mil partos. Apenas pedi que ele tivesse calma, e disse que o filho estaria prestes a nascer, que já dava para ver os cabelinhos. Apenas estava aguardando que descesse um pouco mais”, descreve.
Scilla, confirma, que preparou a mãe para o parto, de quatro apoios, e ficou a monitorar o coração do bebê. Mas como ela estava dizendo que tinha dores, trocou de posição, o agressor se sentou da parte de trás. A médica então falou, que poderia aguardar até três horas, mas que em uma hora,iria examinar novamente e realizaria o parto.
Mas como a grávida estava a ter muitas dores, ela foi procurar o médico responsável pela anestesia para realizar uma cesária. Foi nesse momento, segundo conta a médica que o homem deu inicio às ofensas.
“Primeiro começou a chamar de nomes, que eu era uma torturadora, que tinha deixado a esposa a sofrer. Aí eu disse que tinha que dar prioridade ao atendimento da mulher, e que ele não poderia estar a gritar daquele jeito.
Quando eu já estava saindo da sala, ele colocou a mão na capanga e disse:”Eu tenho um 38 e um 42, vou te dar um tiro e matar. Tu não vai sair mais vida daqui”, conta Scilla. Ela ficou em estado choque e muito apavorada, com a ameaça mas ignorou e abandonou o local, para ir tratar dos procedimentos à esposa e ao filho dele.
“Quando eu já estava a sair, ele me deu uma voadora nas costas. Eu voei 1m em cima de uma pia de ferro, cortei o braço, depois ele me pegou pelos cabelos e ainda me deu mais cinco socos na nuca, que desmaiei. Bati com a cabeça no marco da porta”, conta.
Ela conta, que ficou sem sentidos por alguns momentos e só mais tarde soube que alguns residentes tentaram o deter. Enquanto ela estava a ser transportada para atendimento noutra sala, o homem fez um telefonema e fugiu do local.
“Existe lei de acompanhante, que permaneça na sala, mas tem que ter uma preparação para ambos, saberem como funciona. Senão vão achar que aquela dor que ela esta reclamando, é porque estamos torturando a pessoa”, completa.
Segundo a profissional, um outro colega realizou o parto, e ambos estão bem. O homem continua foragido.
“Estou com muito medo. Enquanto ele não for detido, eu não vou sair de casa”, relata em choque. “Jamais passei por uma ameaça. A gente trabalha com vidas humanas.
Nunca levei qualquer tapa de um paciente, de ninguém, nada. Ninguém jamais tem o direito de bater em qualquer um profissional, seja que área for. E ele ainda teve a coragem de bater numa mulher. Estou em choque”, finaliza.
O sindicato Médico do Rio Grande do Sul, já está a tomar todas as providencias, e condena a agressão e promete ajudar a obter as punições para o agressor.
Via: g1.globo.com